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Legado das Palavras: Especial: apresentando novos autores

Especial: apresentando novos autores

By | 14:19:00 Deixe um comentáro

Quer ler algum livro nacional, mas não sabe qual? Quer fugir de clássicos e encontrar uma nova geração de escritores que está chegando com tudo? Caso as respostas sejam sim, essas indicações são especialmente para você.
Tive o prazer de entrevistar três novos autores, próximos do círculo literário no qual convivo (amigos aproximados pela internet, em outras palavras). Cada qual com seus romances de estreia, embora de diferentes maneiras, eles trazem força aos gêneros de suas obras. Além de apenas indicar os livros, fiz algumas perguntas para os três, não apenas sobre suas obras, mas também sobre seus processos criativos e outros pontos interessantes (principalmente se você também quer trilhar o caminho da escrita).
Sem mais delongas, apresento-lhes:

Daniel Peregrino, 26 anos, autor de Minha Namorada é Headbanger

Carioca, leitor assíduo e twitteiro de plantão. Define-se como um homem que parará de respirar antes de parar de escrever. Quando não está criando histórias, desenha e joga. Às vezes, faz tudo ao mesmo tempo.  Minha Namorada é Headbanger é sua primeira publicação.

Dêner B. Lopes, 19 anos, autor de Cidades Mortas            

     Nascido no inverno de 1995, em Minas Gerais, vive atualmente em Pindamonhangaba, no estado de São Paulo. Seu gosto pela literatura se iniciou em 2010, e de lá para apenas aumentou. Integrou a antologia, Utopia – Contos Fantásticos (Andross Editora, 2014) e está confirmado nas inéditas, Sombras do Tempo (Sollo Editorial) e King Edgar Hotel (Andross Editora). Cidades Mortas é seu primeiro romance solo.

Laísa Couto, 27 anos, autora de Lagoena – O Portal dos Desejos

É uma poesia quebrada. De dia sopra histórias ao vento. De noite explora nebulosas e colhe lágrimas de deuses esquecidos. Quando dorme, apenas sonha.  Lagoena – O Portal dos Desejos é seu primeiro romance. Autora também do conto em ebook, O Inverno das Rosas (Editora Draco) Mantém o blog, lagoenaoficial.blogspot.com.br

Interrogatório



Quando decidiram escrever seus romances e como os livros nasceram?

Daniel: A data exata eu não vou lembrar. Uma noite minha chefe me chamou para jantar na casa dela. Depois de comermos (estava muito, muito bom – tina carne e pasta de abobóra), ela atacou a garrafa de vinho do pai e me contou uma história sobre um ex-namorado que, chocado com uma atitude dela, disse a frase: “caraca, minha namorada é headbanger mesmo”. Eu ri tanto e por tanto tempo que prometi que esse seria o título do meu livro.

Dêner: Agosto de 2013. Madrugada entediante. Estava passando um filme de robôs na TV chamado "Substitutos". Do nada, a ideia de escrever "Cidades-Mortas" surgiu, e na mesma hora comecei a escrever, sem nem saber no que daria.

Laísa: O que hoje é Lagoena nasceu de sem pretensão, em 2005. Naquela época eu ainda estava no ensino médio e vi uma reportagem numa revista sobre livros de fantasia, As Crônicas de Nárnia e Eragon, sobre adaptações dessas histórias para cinema, como aconteceu com Harry Potter e O Senhor dos Anéis. Aquilo me chamou a atenção, não pelas adaptações cinematográficas (eu nunca havia assistido nenhuma delas), mas pelo apelo e conquista que estas histórias ganharam. Então, como eu não tinha dinheiro para comprar livros e na cidade onde eu morava não havia livraria,  aluguei alguns filmes de fantasia baseado em livros e comecei a pensar na minha história.

Quais são suas principais influências literárias?

Daniel: Eu leio de tudo, tudo mesmo. Quando estou com uma ideia na cabeça, tento ler coisas de estilo parecido, para “entrar no clima”. Estou sempre lendo Stephen King, independente da ocasião, mas dessa vez eu devoreis dois livros dele, por serem em primeira pessoa: Duma Key e Saco de Ossos. Também me joguei nos livros de John Green, com a mesma lógica. Mas acho que tento ir atrás do King mesmo, acima de todos os outros estilos.

Dêner: J.K. Rowling é a maior delas. Depois, Stephen King, Rick Riordan e Suzanne Collins.

Laísa: Um dos primeiros filmes que assisti foi O Senhor dos Anéis e logo fiquei encantada, acho que vi a trilogia mais de 100 vezes. Depois li  O Hobbit e O Senhor dos Anéis, me deliciei com as descrições de Tolkien e de como ele conseguia tirar poesia delas. Gosto muito do ensaio dele "Sobre histórias de fadas". Tolkien me ensinou a mostrar um mundo com sentimento. Antes dos livros dele eu li As Crônicas de Nárnia de C.S.Lewis, também meu grande mestre, aprendi como fazer a passagem do mundo real para o fantástico de forma delicada e verdadeira,  depois de Nárnia eu descobri o que era Lagoena. Acho que essas são as influências mais fortes para mim.

Para vocês, qual foi a maior dificuldade encontrada durante o processo de criação?

Daniel: É difícil, para mim, não ir direto ao ponto nas minhas histórias. Quando eu reescrevo, tento aumentar as descrições e criar mais “olhadas pela janela do ônibus”, para aumentar o prazer da viagem. O difícil é que eu sempre acho que estou criando momentos inúteis e enchendo linguiça. É a parte mais complicada, sempre. Mais motivos pra admirar o King, que inclui importância e movimenta a trama até nesses “momentos de contemplação”.

Dêner: A maior dificuldade foi o bloqueio criativo, embora tenha escrito o livro em exatos 90 dias. Depois disso, a construção da trama. Nunca sei exatamente o que vai acontecer, mas como todos meus livros, fiquei bem satisfeito.

Laísa: Acho que a maior dificuldade é esperar, ter paciência. As histórias nascem, mas precisam de tempo para amadurecer, isso pode levar meses ou anos. Lagoena - O Portal dos Desejos levou 5 anos para ser escrito, mais 4 para se publicado, e é o primeiro de uma trilogia.

Poderiam descrever um pouco de seus processos criativos?

Daniel: Tento criar disciplina, porque de outra forma, eu sei que vou enrolar muito. A madrugada sempre foi meu horário favorito para escrever, mas tenho visto que escrever ao amanhecer, logo depois de acordar, também é muito gostoso. As ideias costumam vir do nada, normalmente um exagero de uma situação ou uma junção de vários pensamentos desconexos. Depois que decido o que vou escrever, me concentro na última cena, o último parágrafo do texto. Eu não o escrevo, mas decido como será, mesmo que mude depois. Daí anoto alguns pontos chaves da trama, construo os personagens e, enfim, começo a escrever. Vou usando esses pontos chaves como checkpoints pra me guiar, mas uma vez começada, a história e seus personagens parece criar vida própria: eu mesmo tenho pouco controle sobre o que vai acontecendo e sigo escrevendo só pra ver como a história continua. É muito divertido escrever assim.
Quanto ao lugar onde escrevo e músicas, eu tomo cuidado (rs). Porque eu SEMPRE vou lembrar quando reler o texto, seja quando escrevi sentado no chão, porque não tinha comprado nem sofá pro apartamento ainda, ou a música (geralmente ruim) que o vizinho estava ouvindo.

Dêner: Não tenho horários estabelecidos para escrever. Gosto de escrever quando sinto vontade, mesmo tendo alguns prazos a cumprir. Adoro ouvir as músicas da rádio na madrugada, quando escrevo, mas não é sempre.

Laísa: Meu processo criativo é caótico, eu não sigo regras, não sou disciplinada (não sigam meu exemplo). Eu não sei se ganharia mais escrevendo todo dia, me obrigando, se eu me acostumaria, acredito que não. Quando estou trabalhando num texto longo sempre paro para respirar, fico esgotada e não rende, não forço a barra, vou até onde dá, depois retorno. Gosto de escrever de madrugada por ter mais silêncio e por ser menos quente. Ouço música sempre, a playlist varia com o tema, já ouvi Sigur Rós, Imogen Heap, Agnes Obel, Birdy,  Devotchka entre outros.

Para finalizar, deixo essas últimas perguntas: Alguma dica para quem pensa em começar escrever agora? E para quem já começou a trilhar esse caminho?

Daniel: Leia muito. De tudo. Se atraiu sua atenção, leia. Mesmo que tenha atraído só um pouco. Diabos, leia mesmo que tenha atraído a atenção de alguém que você conhece. Não precisa ler e analisar, ou pensar  o que você faria de diferente, só leia. Muito.
Eu leio várias dicas de escritores publicados, seguindo-as ou não. Essa estrutura de criar uma situação inicial, deixando a história livre para fazer o que quiser, eu tirei da palestra de um autor sul-coreano. Acho que a maior dica possível é manter a cabeça sempre aberta. Sempre há espaço para melhorar. E leia. Muito.

Dêner: Não vou dizer "ler", porque isso é a coisa mais óbvia para todos que sonham se tornar um escritor. Uma dica é estudar e pesquisar tudo sobre o que se trata no texto. Cada pequena coisa. Além de deixar o texto mais crível, o faz ganhar pontos (na medida de possibilidade de gosto, claro).

Laísa: Acho que já dei a dica: esperar, paciência. A história precisa de tempo e dedicação, imagine-se um escultor que pega uma pedra bruta e já tem a forma exata desenhada na imaginação, lá dentro da pedra está ela, mas você vai precisar de tempo para tirá-la de lá.  Pode acontecer de você ter escolhido a pedra errada, que não serve para o quê você quer e ter de começar de novo, pode faltar ferramentas que atrasem seu processo, você vai cansar, vai querer desistir, vai duvidar, mas no final, parar e  continuar no outro dia pode ser a melhor solução.

Gostaram? Não sei vocês, mas eu adorei conhecer um pouco mais desses autores. Daniel escreveu um romance jovem adulto, Dener representa a ficção-científica e Laísa, a fantasia. E é interessante notar como a internet está fazendo a diferença e facilitando que novas histórias cheguem até nós. 

Vocês podem fazer contato com os escritores pelas seguintes redes sociais:

Daniel Peregrino: Twitter 

Dener B. Lopes: Facebook 

Laísa Couto: Twitter / Facebook 

Minha Namorada é Headbanger está à venda no formato ebook na Amazon.com.

Cidades Mortas pode ser adquirido, em versão impressa, pelo site da Chiado Editora

Lagoena – O Portal dos Desejos está disponível em ebook e impresso no site da Editora Draco.

Apoiem a literatura nacional para que possamos sempre ter mais obras de qualidade chegando até nós. That’s all folks!



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