Olá, leitores do Legado das Palavras.
Neste terceiro post da coluna Livros x Filmes, temos uma história que
gerou certa polêmica ao mudar o modo de ver uma criatura icônica da cultura
pop. Estou falando do livro Sangue
Quente, escrito por Isaac Marion. A
adaptação cinematográfica estreou dia 08 deste mês e eu já fui conferir. O
filme foi roteirizado pelo próprio autor e contou com a direção de Jonathan Levine. Para deixar claro já
digo que gostei muito do filme, contudo, há algumas diferenças entre ele e o livro
(o que não é novidade), então, aproveitando o ensejo, ele será o tema do deste
post.
Sem mais delonga, vamos ao que
interessa.
E ATENÇÃO: HAVERÁ SPOILERS, CONTINUE POR
SUA CONTA E RISCO.
O
Livro
R é um jovem vivendo uma crise existencial - ele é um
zumbi. Perambula por uma América destruída pela guerra, colapso social e a fome
voraz de seus companheiros mortos-vivos, mas ele busca mais do que sangue e
cérebros. Ele consegue pronunciar apenas algumas sílabas, mas ele é profundo,
cheio de pensamentos e saudade. Não tem recordações, nem identidade, nem pulso,
mas ele tem sonhos. Após vivenciar as memórias de um adolescente enquanto
devorava seu cérebro, R faz uma escolha inesperada, que começa com uma relação
tensa, desajeitada e estranhamente doce com a namorada de sua vítima. Julie é
uma explosão de cores na paisagem triste e cinzenta que envolve a
"vida" de R e sua decisão de protegê-la irá transformar não só ele,
mas também seus companheiros mortos-vivos, e talvez o mundo inteiro.
Assustador, engraçado e surpreendentemente comovente, Sangue Quente fala sobre
estar vivo, estando morto, e a tênue linha que os separa.
As
Diferenças
1 - No filme não temos o casamento de R com outra
zumbi. Isso, no livro, abre um espaço maior dentro da “comunidade” dos zumbis.
2 - Também não contamos com o “sexo dos zumbis”, uma
passagem importante para que possamos entender um pouco mais das atitudes
destas criaturas. Essa parte serve para deixar claro que os zumbis praticam
atos que eram frequentes em suas “vidas anteriores”. Ambas as diferenças (1 e
2) servem para nos aprofundar mais no universo criado por Marion.
3 - O personagem R
no livro tem cabelos longos e traja roupas sociais, no filme ele é mais
jovem com um estilo mais casual.
4 - Julie consegue ser ainda mais apaixonante no filme
do que no livro.
5 - As lembranças que R absorve do Perry (namorado
de Julie) são diferentes, embora livros sejam melhores, no filme não deixa a
desejar e apresenta uma boa sequência.
6 - Algo muito interessante do livro - que também não
foi adaptado no filme - é a “escola para zumbis”. Devido ao fato de existirem
crianças transformadas, os zumbis mais velhos “ensinam” os mais novos como “caçar”,
contudo eles pouco conseguem assimilar.
7 - No livro, enquanto R está na cidade fortificada comandada pelo general Grigio, durante a visita de um cemitério
ele tem uma importante confabulação com a alma de Perry. Isso não é mostrado no filme, é uma das partes mais fantásticas
da história que é importante para o desfecho final.
8 - O amigo de R,
chamado de M, não tem o mesmo
destaque do livro, nem sequer ele é chamado de M em alguma ocasião (um dos muitos detalhes pequenos que caberiam
na produção sem maiores problemas e gastos).
9 - Vou evitar dar spoilers, mas o final do filme é
totalmente um retalho do final que há no livro. Mesmo no livro o final é um
pouco corrido, no filme se torna ainda mais e é considerado (por este que vos
escreve) a segunda maior derrapada no filme - a primeira vem logo à seguir.
10 - Além de não termos, coronel Rosso, um importante personagem da trama. No final o general Grigio fica VIVO, enquanto no
livro ele tem uma morte lamentável. E sua morte é muito significativa, pois
Grigio não acredita na mudança dos zumbis e comanda um extermínio contra os mortos-vivos
que estão revivendo.
Há algumas outras diferenças do livro para o filme, no
entanto, considero elas irrelevantes para enumerar aqui. Destaquei as dez mais
que me incomodaram um pouco ao ver o filme (afinal, como qualquer outro fã de
um livro eu desejo ver exatamente uma transcrição perfeita para as telas de
cinema - mas entendo que isso quase nunca acontece). De uma forma geral, me desligando
um pouco do livro - assim como me desliguei dos zumbis clássicos para ler o livro
-, gostei muito do filme. Os atores são muito carismáticos e atuam bem.
Inclusive vou citar alguns pontos muito bons do filme.
O
Lado Bom
1- A cena em que ocorrer o ataque onde R e Julie se conheceram foi filmada exatamente como está no livro. E
como eu havia imaginado.
2 - Já falei (e vou falar de novo), Teresa Palmer, a atriz que interpreta Julie, atua muito bem e torna a
personagem ainda mais interessante.
3 - Nicholas
Hoult (interpreta o R) também é
muito cativante e apesar de ser fisicamente diferente e trajar outras vestes,
acabada por cativar o espectador com a mesma intensidade que o leitor.
4 - Jonathan
Levine foi o diretor do filme e fez um bom trabalho.
5 - Isaac
Marion, o autor do livro que roteirizou
o filme, se tornou importante para manter o núcleo principal da história e passar
exatamente as mesmas mensagens passadas em seu livro.
6 - O filme conta com uma ótima trilha sonora.
7 - Os “ossudos” ficaram muito legais e bem feitos.
8 - É melhor que Crepúsculo
e não contém o nível de pieguice desta adaptação.
9 - Apesar no nome nacional (Meu Namorado É Um Zumbi) e das cenas mais fortes do livro não irem
para as telas, este filme não é um teen
movie.
10 - Eu amo esta obra (filme e livro).
Espero que não se prendam ao preconceito e a
comparações infundadas, eu indico primeiro a leitura do livro e seguidamente o
filme, não será um desperdício de tempo. Garanto.
Enfim, vocês podem conferir a resenha do livro que foi
feita aqui no blog e se quiserem podem ler esta crítica feita do filme em meu
blog de cinema.
Até a próxima
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