Chloë
Grace Moretz é Chloë Grace Moretz. E ponto. Não sei
definir o motivo, mas gosto muito da atriz, talvez por ela ser a Hit-Girl ou pelo filme Deixe-me Entrar (Let Me In, 2010). Sempre fico curioso para conferir seu novo
trabalho, por isso fui assistir Se Eu
Ficar (If I Stay) nos cinemas.
Após sofrer um acidente
de carro, Mia Hall (Chloe) entra em coma e se vê diante de duas possibilidades:
aceitar e partir ou ficar, lutar pela vida, e enfrentar um futuro extremamente
doloroso e complicado. Fora de seu corpo, o que parece ser sua alma, vê o
impacto do acidente na vida das pessoas próximas, além de fazer com que se
relembre do passado, de suas escolhas, dúvidas, medos e sonhos.
Se por um lado o roteiro
acerta em tirar o peso dramático do filme ao utilizar a comicidade dos
personagens, acaba errando na narrativa não linear da história, um vai e vem no
tempo que acaba por se arrastar em várias sequências e deixar o longa um pouco cansativo apesar de não ser extenso. Muitas das cenas
melancólicas não fluem naturalmente, aliás, não foram construídas para isso, caindo na
velha técnica de forçar lágrimas. Os diálogos por sua vez, são mais críveis e
menos teatrais que de inúmeros filmes adolescentes. Ainda que com uma proposta
boa e mais adulta, o filme não consegue fugir dos inúmeros clichês do gênero.
Chloe Moretz aparece em
uma boa atuação pelo lado romântico, a garota carinhosa e apaixonada lhe cai bem.
Quanto ao lado dramático, ela ainda carece de experiência, acredito. Sua
tristeza e descrença ante aos fatos soa superficial demais (o mesmo acontece em
Carrie). Quando está fora de seu
corpo, sua única função é correr pelo hospital, a personagem força uma
incompreensão de algo facilmente compreensível. Esse pequeno deslize pode ser esquecido
com um pouco de aceitação, quando a vemos empunhando o violoncelo, ela está totalmente à
vontade no instrumento e parece sentir a emoção da música tocada.
Jamie Blackley (Adam), que interpreta o interesse amoroso de
Moretz, convence em seu papel, formando um bom par romântico, apesar da química entre eles não ser a melhor possível. Coadjuvantes como
os pais de Mia, interpretados por Joshua Leonard (Denny Hall) e Mireille Eno (Kat Hall), trazem
diversão à trama com seus personagens vividos e interessantes. Stacy Keach (avô
de Mia), se faz presente em algumas decisões importantes e oferece peso dramático. Por fim, temos Liana Liberato (como Kim, melhor amiga
de Mia), que embora pouco explorada, faz uma boa atuação, sua personagem dá
empurrões constantes pra que Mia evolua dentro da história.
Por fim, temos uma
enxurrada de referências musicais bem trabalhadas e desenvolvidas com a
história. Não são apenas citações desenfreadas de bandas e músicos conhecidos,
mas sim menções feitas por pessoas que amam o que fazem, como no caso de Mia,
violoncelista apaixonada por Ludwig van
Beethoven ou Adam, que em certo momento da vida se viu embalado por uma
canção dos Ramones.
Em uma época
onde best-sellers são cada vez mais
adaptados, numa corrida incansável para encontrar a próxima “loteria”, Se Eu Ficar, adaptação do livro homônimo da escritora Gayle Forman, foi dirigido pelo estreante R. J. Culter e roteirizado por Shauna Cross e acaba sendo um filme
interessante, longe de uma catástrofe, que agradará tanto os fãs do livro, quanto quem tiver o primeiro contato
apenas pelo cinema. Mas que não escapa de ter um fim lento e arrastado. É
impossível não pensar que o potencial do longa poderia ter sido melhor
explorado. Prova disso foi o misto de satisfação e insatisfação ao final da
projeção.
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