Decidi dar uma chance
para Eleanor & Park após ler a resenha escrita por John Green, para o The New York Times. Lançada no Brasil pela editora
Novo Século, a obra possuí 325 páginas
e foi concebida pela escritora Rainbow
Rowell.
Eleanor e Park são os
protagonistas da história situada no ano de 1986. Eleanor é a nova garota da
escola, alta e com cabelos ruivos, como se isso não bastasse para tomar a
atenção para si, ela gosta de se vestir de modo estranho. Park é descendente de
coreanos, o tipo de garoto legal, mas que não toma toda a popularidade para
ele. Vidrado em quadrinhos e música, duas coisas que ajudam na aproximação
entre ele e Eleanor. Guiando-os para uma história sobre o primeiro amor próxima
da realidade, imperfeita, intensa e
interessante.
Ambos
os personagens tardaram em despertar alguma empatia em mim, na verdade, a
história em si, começa lenta e arrastada. São situações chatas, bem exploradas
pela autora (a tal ponto que, confesso, precisei de certa força de vontade para
não abandonar a leitura), praticamente fatos reais que ocorrem na adolescência.
Entretanto, aos poucos, personagens e história, evoluem, ganham contornos
brilhantes e tornam-se apaixonantes. Para quem é familiarizado com quadrinhos
ou bandas de época, certamente encontrarão ótimas referências, que nos
aproximam dos personagens.
É incrível o modo como
a história melhora no decorrer das páginas, os personagens conquistam o coração
do leitor e o que era fraco, começa a ser ótimo, destaco aqui os diálogos, quase
inexistentes no início. As conversas entre Eleanor e Park são muito bem
construídas, seja quando discutem quadrinhos ou música e, principalmente,
quando falam deles. Rainbow Rowell narra de modo sutil o amor florescendo entre
o casal, não é curto o tempo em que eles namoram, sem se beijarem, apenas com o
toque das mãos e a troca de olhares. Aos poucos eles descobrem os “segredos” de
um relacionamento, algo que para quem está lendo é muito bonito.
Se os protagonistas são
personagens bons que conquistam o leitor, embora não em uma primeira impressão,
por outro lado, os personagens secundários são pouco explorados e nenhum é
realmente memorável. Menciono isso por levar em conta que a história é narrada
em terceira pessoa, o que poderia servir para criar outros bons personagens
para contribuir com o livro.
Rowell mostra-se hábil
na mesma narrativa em terceira pessoa, ao utilizar os POV (Point of Views) ou pontos de visão. Ora Eleanor, ora Park.
Semelhante ao que o George R. R. Martin faz nos livros d’As Crônicas de Gelo e
Fogo, assim como muitos outros escritores. Rainbow utiliza bem a inversão dos
pontos, em certos momentos até na mesma cena, vemos bastante dos dois personagens
na história. Em dadas partes da história o narrador parece se expressar
diretamente com o leitor, algo realmente bom.
Temos um começo
arrastado, um desenvolvimento ótimo e um final que não me convenceu. Achei fraquíssimo ao apresentado anteriormente. Vou me abster de demais comentários sobre o desfecho final, para não prejudicar a
leitura ou estragar o interesse de vocês, leitores do blog, no livro. Minhas
duas últimas leituras tiveram finais parecidos.
Vale a pena ler Eleanor & Park? Sim. Principalmente
pelos diálogos e por se tratar de uma história fora dos padrões e da pieguice
dos romances de “primeiro amor”. Realmente gostei da leitura, entretanto, ela
não é intocável e possuí sim, alguns pontos negativos como destaquei.
E eu acho que um filme,
se bem produzido e fiel ao original, pode vingar. Os direitos da obra já foram
comprados pela DreamWorks Studios. Vamos aguardar.
0 comentários: